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A aventura de “ler com”

ago
2022

Por Kita Pedroza.

O universo da leitura está ganhando novos contornos para moradoras e moradores do Morro do Juramento e imediações, na zona norte do Rio de Janeiro, que fazem parte do projeto Histórias em Rede. Voltado para a formação de mediadores de leitura e à criação de uma rede leitora local, o projeto está iniciando a sua segunda etapa, após cerca de dois meses de trocas intensas entre os participantes, com professores e alunas da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Durante a primeira etapa do trabalho, os dez integrantes da turma foram estimulados a valorizar suas histórias de vida, refletir sobre as próprias experiências como leitores e, daí, seguir em direção às descobertas sobre a prática da mediação de leitura. A literatura para crianças e jovens é o foco das atividades, uma vez que o projeto dá continuidade a uma parceria entre o Núcleo de Pesquisa em Literatura Infantil e Juvenil do Laboratório da Palavra (NUPLIJ/PACC/UFRJ) e a Creche Municipal Sementinha (localizada no Juramento), agora com a realização do Instituto 215 e agregando uma nova parceira local, a Biblioteca Municipal João do Rio. A equipe de interlocução com a turma é composta por Carlos Pires, professor da Faculdade de Letras da UFRJ e coordenador do Laboratório da Palavra do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da UFRJ, Julia Carvalho e Clara Moraes, alunas de graduação em Letras/UFRJ, sendo Clara coordenadora do NUPLIJ; Carla Cavalcanti, pós-graduanda no mesmo curso e diretora da creche Sementinha, além de Ilana Strozenberg, professora da Escola de Comunicação da UFRJ e coordenadora do PACC/UFRJ, além de integrante da direção do Instituto 215.

Cassia, Danielle, Fabiana, Hélio, Júlio Rosa, Karina, Marcely, Michelle, Sandra e Shirley – que compõem a turma de participantes da formação – tiveram diferentes aproximações com o mundo dos livros ao longo da vida; alguns leram bastante, outros menos. A maioria tem filhos, alguns e algumas são professoras e professores, grande parte tem curso superior. Frequentam diferentes igrejas, moram na parte de cima ou mais para baixo do Morro; ou, ainda, nas imediações. O encanto pela leitura – mesmo que o próprio contato com os livros tenha sido restrito – e a vontade de engajar crianças (e a comunidade em torno delas) no mundo que se abre com o mergulho nas páginas dos livros são pontos de conexão. Entre muitos livros experimentados e aprendizados trocados, abrem-se caminhos para a segunda fase do projeto, concentrada na parte prática da mediação. No momento, a turma está partindo para a prática de mediação, organizando grupos de leitura em locais diversos – escolas, creches, igrejas e até em becos da favela. Nessa aventura, levam o convite para acrescentar à bagagem de cada um(a) a compreensão das crianças como agentes no processo de leitura e da mediação a partir da ideia de “ler com”, distanciando-se da intenção de “ler para”.

 

Foto/capa: Pela primeira vez, a turma de mediadores do projeto Histórias em Rede visita a biblioteca da Faculdade de Letras da UFRJ. Crédito: Kita Pedroza