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Praia de Copacabana: um ícone carioca

dez
2012

Por Augusto Ivan*

Augusto Ivan é professor de Urbanismo da PUC-Rio

Ao sobrevoar a cidade o observador verá, do alto, uma extensa malha urbanizada cortada ao meio por um maciço montanhoso, coberto por densa floresta tropical. Abaixo de seus pés ela se desenvolve, seguindo duas vertentes. A primeira, ao Norte, uma grande planície ocupada, que, colada a várias cidades vizinhas da região metropolitana alcança os contrafortes da Serra do Mar. A segunda, ao Sul, compreende uma estreita faixa de terra urbanizada entre o maciço central e o Oceano Atlântico, cuja orla é emoldurada por costões rochosos, restingas, lagoas e uma sucessão de praias, ora longas, ora curtas, cobertas por areia fina e branca. Este é o Rio de Janeiro. Ao se aproximar do solo, uma, dentre as muitas praias, chama a atenção pela massa compacta de edifícios e pelo desenho caprichoso da curva de sua costa. Este é o bairro de Copacabana.

Em terra, caminhando pelas calçadas à beira-mar, a visão do observador será capturada, de um lado, pela visão imponente dos prédios da orla, que formam uma longa e alta muralha, e do outro, pela bela e ampla praia em frente. Um primeiro pensamento ocorre: que esplêndido lugar para se morar, tendo à frente a paisagem do horizonte infinito do Oceano Atlântico.

Com um pouco mais de atenção, entretanto, o olhar é imediatamente atraído pela intensa movimentação de pessoas indo e vindo da praia, aproveitando o sol quente tropical e as águas frias do mar. Outro pensamento vem à baila: que belo lugar para desfrutar da natureza.

Alguém mais curioso, porém, notará um movimentar contínuo, laborioso e frenético de pessoas que certamente não vivem ali e nem estão no local para se divertir. São carregadores entregando mercadorias, funcionários de hotel recebendo ou despachando hóspedes, garçons apressados servindo as mesas ao ar livre dos restaurantes, frentistas de postos de gasolina abastecendo veículos, balconistas dos quiosques à beira-mar atendendo seus clientes, pescadores chegando em suas embarcações, vendedores ambulantes apregoando suas mercadorias, professores de ginástica e instrutores de esportes com suas turmas de alunos, policiais e guardas municipais circulando, catadores recolhendo latas deixadas na areia, funcionários da limpeza urbana trabalhando nas ruas e na praia, escultores de areia, salva vidas atentos, pequenos aviões e dirigíveis sobrevoando a praia e exibindo faixas de publicidade, enfim, uma pequena multidão que se mistura com as pessoas caminhando ou correndo nas calçadas junto ao mar, frequentadores sentados nas mesas dos bares e quiosques. Este exército de trabalhadores em permanente movimento dá a impressão de que a metade das pessoas que ali estão ganham a vida em função da praia.

Um lugar muito especial que se confunde com a imagem da própria cidade, orgulho dos cariocas, portadora de uma carga simbólica notável, mas que também é uma construção social responsável hoje pela sobrevivência de milhares de pessoas e um espaço econômico fundamental para o Rio de Janeiro: a praia de Copacabana.

Esta é a praia que se pretende apresentar. Ela certamente se assemelha a outras orlas do mundo que, por sua história, estimulam a reflexão sobre o papel vital de seus espaços. São praias que, além de oferecerem o espetáculo de sua beleza natural, cumprem uma função preponderante e participam ativamente do desenvolvimento social, econômico e cultural das cidades costeiras. São, portanto, lugares exemplares e merecedores de um olhar atento, pois além de serem parte privilegiada do meio-ambiente natural, são também uma construção humana rica e complexa, fundamental para a vida urbana.

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*Augusto Ivan é professor de Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Atualmente, integra a equipe da Empresa Olímpica Municipal do Rio de Janeiro, criada para planejar e monitorar ações relacionadas às Olimpíadas de 2016.