Qual história você quer contar?
Realizar um projeto cultural em qualquer ambiente, seja numa pequena sala de aula ou numa comunidade, exige, além de objetivos bem definidos, determinação e uma boa dose de talento. A presença dessas condições, ligadas por um clima de entusiasmo e aposta no bom humor, são responsáveis pelo êxito do Laboratório de Audiovisual Regiões Narrativas, realizado pelo Instituto Contemporâneo de Projetos e Pesquisa – O Instituto – no contexto do Palavra Lab, projeto da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro vinculado ao Programa Favela Criativa patrocinado pela Light. Iniciado em janeiro desse ano, na Biblioteca Parque da Rocinha, o projeto irá apresentar o conjunto de seus resultados numa mostra aberta ao público programada para as primeiras semanas de dezembro.
Constituído de três módulos de oficinas, cada uma dedicada a uma linguagem específica – animação, fotografia e vídeo documentário – o laboratório, tem como um de seus principais objetivos promover uma reflexão sobre a criação narrativa, tendo como foco a experiência de vida na cidade. Originalmente proposto para jovens e jovens adultos moradores da Rocinha e regiões próximas o projeto acabou ampliando o universo de inscritos para pessoas acima dessa faixa etária para atender à demanda dos interessados. Efetivamente, são muitos e diversos os que desejam aprender novas maneiras e instrumentos para construir e contar suas histórias.
Cada módulo tem a duração de 3 meses, com aulas semanais de 3 horas, sempre alternando teoria e muito exercício prático. Os resultados das duas primeiras etapas, animação e fotografia – filmes curtos de animação e dezenas de fotos com orientação profissional – além de quatro vídeo-documentários sobre aspectos do cotidiano na vida na Rocinha, serão exibidos na mostra de final de ano do projeto. O diário de bordo dessas aventuras pode ser lido no blog do Regiões Narrativas.
Animação, fotografia e vídeo
O primeiro módulo do laboratório, animação, foi ministrado pelos professores Ricardo Elia e Thiago Macedo sob a coordenação de Marcos Magalhães, um dos fundadores do Anima Mundi. Os alunos foram apresentados às diversas linguagens e técnicas de animação e tiveram contato direto com seus princípios, através de exercícios que utilizaram dobradinha, flipbook, elaboração de storyboards, construção de personagens em massinha e outros. Como trabalho final, o conjunto da turma realizou um filme em stop motion, em que todos trabalharam colaborativamente desde a criação do roteiro até a filmagem, através do software MUAN. O filme pode ser visto AQUI
A oficina de fotografia ficou sob a responsabilidade de Ana Luiza de Abreu e Fernanda Antoun. O programa incluiu aulas de história da fotografia, suas técnicas, exercícios de análise de imagens e uma série de exercícios práticos, incluindo saídas para fotografar em diversos locais próximos à Biblioteca. Ao final da oficina ouvia-se, entre os alunos, um comentário geral: fotografar não é apertar um botão e registrar uma imagem, é, antes de tudo, olhar de outra maneira, pensar sobre o que se está vendo e o que se quer dizer com a imagem registrada. E, eles próprios se surpreenderam com os resultados, exibidos numa projeção das imagens ao final do curso. AQUI um pouco do que rolou nas aulas.